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05/08/2021Quinta-Feira

Seca e geada: Como minimizar os impactos na produtividade

Seca e geada compõem um temido cenário na produção de lavouras de milho na “safrinha”. E remetendo a ideia do impacto na produtividade da lavoura, qualidade inferior da silagem e elevado custo de produção, pois o investimento inicial já foi feito,  o que irá mudar será exatamente o que for produzido de silagem em quantidade e qualidade. E, de fato, a intensidade, a frequência e o estágio de desenvolvimento da planta, que estes eventos acontecem, podem levar a diferentes níveis de perdas em produtividade.

Figura 1: Lavoura de milho degradada.

Mas, claro, nem tudo estará perdido, se as decisões necessárias forem tomadas no momento adequado. O primeiro passo é conhecer o teor de matéria seca (MS) da planta. Esta é a medida mais importante a ser avaliada em toda e qualquer situação, quando o assunto é definir ponto de colheita. Diante de cada cenário avaliado, é inevitável ter esta informação em mãos e assim conseguir definir, com mais segurança, as ações a serem tomadas, pois como diz o velho ditado: “As aparências enganam”, e, de fato, podem levar a equívocos irreversíveis. Por exemplo, em uma lavoura de milho que passa por uma geada, apesar daquele aspecto “seco” das folhas, pode ser que a planta não apresente elevado teor de MS, afinal, a maior reserva de água está no colmo e, por isto, deparamos frequentemente com ensilagem de lavouras com baixo teor de matéria seca pela decisão de colheita ser baseada no aspecto visual, no famoso “olhômetro”. 

Figura 2: Lavoura de milho após geada.

Conhecendo a MS da lavoura, pode-se interferir em etapas subsequentes, como a fermentação. Um exemplo frequente é quando a colheita é antecipada aos 30% MS. Neste caso, quando não é conduzido com o devido acompanhamento e intervenções, o comprometimento da fermentação é inevitável. Assim, algumas estratégias, como uso de aditivos com elevada MS, fazem o papel de sequestradores de umidade no silo, minimizando os efeitos do excesso de umidade no processo de conservação da forragem (casquinha de soja e polpa cítrica são opções para tal situação). Além disso, o uso de inoculantes traz maior segurança no que diz respeito a redução de perdas, e, neste caso específico, as bactérias homofermentativas são vistas como bons olhos, a exemplo o Lactobacillus plantarum.

Pensando em um segundo cenário, de lavouras com elevado teor de MS ou que passaram por seca severa, comprometendo a transformação de carboidratos solúveis em amido e acumulando os açúcares na planta. Neste caso, as situações podem contribuir para a menor estabilidade da massa ensilada quando exposta ao ar (abertura), proporcionando o desenvolvimento de fungos e leveduras, desencadeando elevação de temperatura e deterioração da silagem. Assim, algumas bactérias heterofermentativas, em especial Lactobacillus buchneri, promovem uma melhor estabilidade aeróbia e qualidade higiênica da silagem, graças a sua capacidade de produzir ácido acético, que pode ser absorvido pela membrana de fungos filamentosos e leveduras, retardando o crescimento podendo inclusive levar a morte destes microrganismos.

Figura: Lavoura deteriorada pela seca

Assim, deve-se entender que, por maior que seja o impacto destas adversidades climáticas, o primeiro passo é não tomar nenhuma decisão por parâmetros visuais. Lembre-se: “O que não é medido, não é administrado”!

Cássia Aparecida Soares Freitas

Zootecnista

Sempre Sementes